Fenomenologia-Existencial é singularidade no olhar

A Fenomenologia-Existencial é singularidade no olhar porque o ser humano é compreendido como ele se apresenta dentro da sua própria existência, sem compará-lo a nada ou ninguém.

Dessa maneira, a Fenomenologia pode ser vista como um método, uma forma de olhar para os fenômenos que compõem a existência humana. Não busca interpretá-los, mas olhar para eles por meio de uma visão compreensiva e descrevê-los da maneira como eles aparecem. 

O fenômeno acontece na nossa experiência e percepção dos fatos, na maneira como os entendemos e nos sentimos em relação ao mundo. Ele está na nossa consciência a respeito do que acontece – e junto com isso está o sentido que damos para as experiências e o existir.

Aqui não há divisão entre o indivíduo e o acontecimento, entre o observador e o observado; ambos existem em relação ao outro, que é o que chamamos de intencionalidade: o objeto só é algo para a consciência que o reconhece à medida que a consciência só existe porque é direcionada a algo.

Sendo assim, a Fenomenologia abdica de quaisquer ideias pré-concebidas a respeito da existência humana, mas parte de um local aberto para olhar, entender e descrever o sujeito e sua relação com o mundo de uma maneira singular.

Em dado momento, o filósofo Jean-Paul Sartre oferece sua ideia icônica ao mundo de que a existência precede a essência e a partir disso faz surgir uma nova corrente filosófica que ficou conhecida como Existencialismo. Este modo de ver a existência humana a compreende como algo infindável que está sempre em transformação.

O filósofo traz à tona a ideia de que “o homem é condenado a ser livre”, ou seja, precisa fazer escolhas o tempo todo e lidar com suas consequências. Escolhemos quem vamos nos tornar a partir de cada atitude que tomamos em relação à vida. A liberdade e responsabilidade andam juntas – por isso ele fala que somos “condenados” a ser livres. Viver (e escolher) é angustiante.

Para a Fenomenologia, o mundo é dado pela nossa relação com ele, como nos sentimos e o experienciamos; como nós compreendemos os espaços e as relações. O mundo é formado pelas nossas percepções, sentimentos e pensamentos ao mesmo tempo que nós somos formados por ele. Essa ideia proposta vai de encontro com a ideia positivista de que tudo que existe precisa ser objetivo, passível de comprovação e cálculo. Pelo contrário, o que é valorizado aqui é justamente a visão subjetiva de cada um de nós – por isso falamos que buscamos compreender ao invés de interpretar (que pressupõe uma base).

A Fenomenologia-Existencial, portanto, busca olhar para o indivíduo de uma maneira única, sem visar interpretar sua existência, mas compreendê-la da maneira como ela acontece. Ela considera toda a história passada do indivíduo assim como as relações presentes e também o que se espera do futuro. Sendo assim, pode-se dizer que evidencia o caráter singular de cada existência assim como a responsabilidade de cada indivíduo sobre sua própria vida.

Referências:

FORGHIERI, Yolanda. Psicologia Fenomenológica. São Paulo: Cengage Learning, 2019.
SARTRE, Jean-Paul. O Existencialismo é um Humanismo. Petrópolis: Vozes, 2014.

2 Comentários

  1. Rômulo junior

    Somos únicos e não viemos ao mundo com bula. A descoberta se dá ao longo da caminhada. Minha mãe dizia que as pessoas não mudam. Elas se revelam . A medida que vi emos vamo_nos revelando e conhecendo.

  2. Pelo contrário, o que é valorizado aqui é justamente a visão subjetiva de cada um de nós – por isso falamos que buscamos compreender ao invés de interpretar…

    Eu estou vivendo uma fase aonde compreender está me desgastando menos, um dia por vez 🙏

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